Muitas pessoas ainda têm dúvida se o cirurgião plástico sabe tratar a parte funcional do nariz. Outros juram que isso é exclusividade dos otorrinolaringologistas. Mas a verdade é que o cirurgião plástico que opera rinoplastia é mais do que apto a melhorar tanto a parte estética quanto funcional do nariz!
Iniciarei essa conversa com o distúrbio mais comum: o desvio de septo. Tratamos-lo por meio de uma septoplastia. Basicamente existem duas grandes vertentes de rinosseptoplastia atual: estruturada e conservadora. Como adepto da escola de estruturação, sempre busco alguma fonte de cartilagem para obtenção de enxertos que irão moldar o nariz. E a primeira escolha é o septo cartilaginoso, por dois motivos: seu aspecto e sua localização no próprio local de operação. Retiro a parte profunda do septo, tendo o cuidado de manter um arcabouço superficial em “L”, de modo a não alterar a forma do nariz. Essa retirada da cartilagem profunda já corrige grande parte dos desvios septais. Em outros casos, ainda fazemos manobras como pontos, desinserção do septo ou utilização de enxertos espaçadores (“spreader grafts”) ou extensor septal (“septal extension graft”) para correção do desvio.
É comum se encontrar hipertrofia de corneto associada ao desvio de septo. É uma reação esperada no lado oposto do desvio, portanto, em alguns casos essa patologia não requer tratamento específico e irá melhorar com a correção do desvio septal. Porém, o cirurgião plástico também pode realizar uma turbinoplastia caso julgue necessário. Esse é o procedimento que trata a hipertrofia do corneto e melhora a passagem de ar. Porém, se deve ter cuidado para não reduzir muito o tamanho dos cornetos, pois se sabe que eles são estruturas importantes para aquecimento e filtração do ar.
Grandes laterorrínias (desvios do nariz) em função de fratura prévia também são corrigidas por nós, cirurgiões plásticos, por meio de refratura nasal, seja ela interna ou externa. E caso necessário, utilizamos os já mencionados enxertos cartilaginosos para alinhar ainda mais o nariz.
Por fim, alguns pacientes são atópicos e apresentam rinossinusite crônica. Também podemos avaliar a necessidade de tratamento com corticoide tópico, como flucatisona, ou antibioticoterapia para os casos de sinusite. E se o óstio de drenagem estiver com algum distúrbio, ou se o cirurgião plástico não se sentir confortável com algum tipo de tratamento funcional, pode-se estabelecer uma equipe multidisciplinar com um otorrinolaringologista.
É importante que cada profissional saiba os limites de seu conhecimento, deixe o ego de lado e esteja sempre em prol do paciente! Bom domingo a todos!